O que significa transformação digital para você? Naturalmente esse é um tema que pode gerar horas de debates, mas, e na prática, como o movimento tem sido encarado pelas indústrias nacionais?
No primeiro semestre deste ano, a ABII realizou uma live muito especial com o tema “Transformação digital – Cases de Protagonismo no Brasil”, na qual participaram grandes nomes da indústria brasileira.
O evento foi muito agraciado pelo público e contou com um alto engajamento. Por isso, a ABII decidiu resgatar este material e trazer para você quais foram as principais lições fornecidas pelos especialistas. Confira!
Transformação digital na indústria 4.0 – Realidade ou promessa?
Para intermediar o debate no evento digital, Claudio Goldbach, diretor da ABII e CEO da TERMICA Solutions, realizou perguntas em tópicos diferentes, ouvindo atentamente o que cada líder tinha a dizer sobre os temas.
O público também interagiu de forma massiva, o que tornou o evento um momento realmente muito especial para a aprendizagem de todos. Agora, contribui com o seu conhecimento, caro(a) leitor(a) da ABII.
Leia com atenção cada um dos pontos e, se preferir, também assista a live na íntegra acessando o link do Youtube.
1 – Protagonismo como norte
O primeiro dos temas tratados foi o do protagonismo, os especialistas abordaram o quanto é importante estar na vanguarda do movimento ascendente da indústria 4.0 no Brasil.
Daniel Duarte Pedrosa, Gerente de Engenharia de Manufatura Ferramental e Automação da Embraer foi o primeiro dos gestores a ser ouvido. Questionado sobre a entrada da Embraer na transformação digital, Daniel diz que:
“Essa é uma realidade que exige de todas as empresas e a Embraer não pode ficar de fora”. O especialista acrescenta que a digitalização entrou em tudo, plataformas de manufatura e negócios, atendimento ao cliente e processo de fabricação.
No passado não era possível controlar a manufatura como é hoje. Tudo isso é parte desse movimento que torna a fábrica mais produtiva, os processos mais confiáveis e a solução de possíveis problemas na produção sempre imediata.
Já Fernando Cestari de Rizzo, CEO da Tupy, diz que o movimento é levado muito a sério pela Tupy, tanto é que a empresa conta com um grupo de conselheiros administrativos que participam de um background de consultoria estratégica para o tema.
Esse time apoia o desenvolvimento da companhia, onde mensalmente os alinhamentos acontecem e são imprescindíveis para a tomada de decisão. Esse grupo é conhecido como o “Comitê de Indústria 4.0”.
O terceiro participante, José Rizzo Hahn Filho, Managing Director at Accenture – Industry X, diz que não há nada de “moda” no conceito de adoção da transformação digital pela sua companhia, o movimento é levado muito a sério.
Tanto é que é de costume atuar em cima de soluções que serão realidade no futuro. Ou seja, a estratégia da empresa opera pensando no amanhã, as tecnologias são adotadas visando o que será destaque em um futuro de 3 anos.
2 – Exemplos práticos de adoção
Questionados sobre os cases próprios, cada um dos integrantes explicou o que já é feito atualmente em suas companhias e que reflete os conceitos de indústria 4.0.
Daniel diz que a realidade aumentada é muito utilizada pela Embraer. A tecnologia ajuda os operadores na manufatura de uma forma que evitam possíveis erros no encaixe de peças.
Outras tecnologias adotadas são a fotobiometria para a medição precisa de tubulações e também os digitais twins (gêmeos digitais), que fazem uma simulação de absolutamente toda a indústria em um ambiente digitalizado.
Fernando começou a sua explicação dizendo que o principal desafio das indústrias é adaptar as tecnologias à realidade dos colaboradores. “Traduzir o conhecimento técnico sobre o digital é o real desafio da indústria”, acrescenta.
Na Tupy, a operação possui como meta contar com uma rastreabilidade completa, unindo conceitos de inteligência artificial à data analytics. Fernando conta que toda a matéria-prima metálica é proveniente de resíduos e que essa produção é monitorada integralmente.
José Rizzo acredita que é preciso, antes de mais nada, conhecer a tecnologia para poder definir o que deve ser implantado em uma companhia, do contrário, essa adoção pode ser prejudicial.
Um conceito adotado pela Accenture é o do direct consumer, no qual o cliente final participa diretamente da produção e contribui com a sua avaliação, tornando o produto eficiente desde a sua produção.
3 – Transformação digital como oportunidade
Vislumbrando o que ainda está por vir, todos eles se mostram bastante confiantes e esperançosos com o que a transformação digital ainda tem a oferecer.
Daniel acredita nesse futuro promissor, porém, faz algumas ressalvas: “É uma grande oportunidade, mas também pode ser um grande risco, depende de como você trabalha”, e completa: “Se não for bem estudada, ela pode ficar engessada e ser ruim para a empresa”.
Fernando também concorda com as ponderações feitas. Complementa dizendo que as parcerias são imprescindíveis nesse momento de adequação e cita a relação da empresa com a ABII. A Tupy propõe uma dinâmica de descarbonização gradual, aliada ao seu crescimento digital.
Já José Rizzo comentou que, desde que a Pollux foi adquirida pela Accenture, o processo de adequação à transformação digital foi consequência direta: “São 550 mil funcionários no mundo, centros de inovação em vários países e cada um dos centros conta com uma área especializada em tecnologia”.
Todos eles concordaram que o planejamento é uma peça chave no processo de adequação ao que é novo, somente assim os resultados serão previsíveis e calculáveis.
4 – Os maiores desafios
Por fim, a última lição que os especialistas trouxeram é a de que os desafios serão permanentes e que toda empresa deve estar preparada para vivenciá-los. Cada um deles contou um case de aprendizado que foi vivenciado anteriormente.
Daniel contou que, em uma oportunidade, eles iniciaram a implantação de robôs em algumas áreas de produção. Entretanto, os robôs estavam destruindo as peças e os processos tiveram que ser paralisados e substituídos. Todos aprenderam a lição da fase de planejamentos.
Fernando ressalta que o desafio sempre foi fazer com que as pessoas abraçassem a inovação. Ele já observou cenários em que havia um grande planejamento, mas pouco comprometimento com o que era novo, esse fato igualmente afeta o processo.
De uma forma muito bem humorada, José Rizzo contou um cenário vivenciado pela antiga Pollux:
“Nós abraçamos um grande desafio no início, recebemos um aporte para atuar em outro país e nós falhamos completamente no projeto. Nós aprendemos e agora conseguimos avançar gradualmente, com muita resiliência”.
Por fim ele complementa dizendo que é muito normal errar, o importante é o quanto você é capaz de aprender nesse processo. Ser persistente é fundamental para todos aqueles que almejam grandes realizações.
O futuro é agora
E qual é a sua realidade? A transformação digital já faz parte do dia a dia da sua companhia? A ABII espera que esses insights fornecidos na live sejam muito proveitosos dentro da sua realidade!
Faça parte desse movimento crescente no Brasil, esteja na vanguarda da indústria 4.0 se associando à ABII e participando dos principais eventos. Acesse o site, faça o seu cadastro e entre para esse seleto time de entusiastas e especialistas.
Sobre a ABII
A ABII – Associação Brasileira de Internet Industrial, fundada em agosto de 2016, atua com o objetivo de promover o crescimento e o fortalecimento da indústria 4.0 e da IIoT (Industrial Internet of Things) no Brasil. Fomenta o debate entre setores privado, público e acadêmico, a colaboração e o intercâmbio tecnológico e de negócios com associações, empresas e instituições internacionais, a partir do desenvolvimento de tecnologias e inovação.
A ABII é signatária do Acordo de Cooperação com o IIC (Industrial IoT Consortium), consórcio criado em 2014, nos Estados Unidos, com o mesmo fim, pela IBM, GE e Intel. Buscando inserir o Brasil nesta revolução, Pollux, Fiesc/Ciesc e Nidec GA (empresa detentora da marca Embraco) uniram-se para fundar a ABII.