É fato que o mundo está passando por uma grande transformação digital. Países como Estados Unidos, Suíça, Alemanha e Reino Unido, por exemplo, são conhecidos por investir fortemente em tecnologias da indústria 4.0 para garantir inovação em seus processos e melhores resultados, segundo o Portal da Indústria.
Mas e o Brasil, qual é a realidade do uso da tecnologia? Um estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) observou que o uso de tecnologias digitais no Brasil aumentou, mas permanece em níveis considerados baixos, sugerindo que o país ainda está no estágio inicial da transformação digital. Saiba mais ao ler o post.
A indústria brasileira está mais digital do que há cinco anos
A indústria brasileira está mais digitalizada do que há cinco anos, o que indica que o país está caminhando para a transformação digital, ainda que lentamente em comparação com outras nações. Conforme o Índice Global de Inovação (IGI) de 2021, o Brasil ocupa a posição 57ª no ranking em investimento em soluções tecnológicas e em formação de profissionais qualificados.
Segundo a pesquisa da CNI, em 2016, 48% das empresas utilizaram alguma tecnologia em uma lista com 10 opções. Em 2021, o percentual de indústrias que usaram alguma aplicação tecnológica aumentou para 69% em uma lista com 18 alternativas.
A tendência é que o uso da tecnologia seja cada vez mais intensivo, pois hoje ela se mostra como uma exigência para uma indústria que quer melhorar seus resultados, se tornar mais competitiva e atingir seus objetivos rapidamente.
Além disso, também estamos vivendo na era da indústria 4.0. Ela se manifesta como uma nova etapa do desenvolvimento tecnológico, que se caracteriza pelo avanço e integração de grandes inovações tecnológicas em diversos campos, como inteligência artificial, realidade aumentada, robótica autônoma e computação em nuvem.
Metade das indústrias usa um pequeno número de tecnologias
Embora o Brasil tenha apresentado crescimento no uso de pelo menos uma tecnologia, a maioria das organizações ainda usa um pequeno número de aplicações tecnológicas. De acordo com o estudo da CNI:
- 31% das indústrias brasileiras ainda não usam qualquer tecnologia;
- 26% das empresas usam apenas entre 1 a 3 tecnologias;
- 22% usam de 4 a 6 aplicações;
- 14% já investem no uso de 7 a 9 soluções tecnológicas;
- 4% das indústrias usam de 10 a 14 aplicações;
- Apenas 3% fazem uso de 13 a 18 tecnologias.
O baixo uso de tecnologia por mais da metade das indústrias reforça a ideia de que o Brasil se encontra em um estágio de baixa maturidade tecnológica e que muito trabalho ainda precisa ser feito para que os gestores percebam os enormes benefícios que estão perdendo ao não adotarem essas soluções.
Vale destacar que a baixa maturidade não está relacionada apenas ao pequeno número de tecnologias implementadas pela indústria, mas também ao aspecto diversidade.
A pesquisa da CNI mostrou que as tecnologias digitais voltadas para a melhoria dos processos produtivos ainda são as mais utilizadas, assim como as soluções que possibilitam maior customização dos produtos. No entanto, as aplicações tecnológicas mais complexas, como as que envolvem inteligência artificial, continuam sendo colocadas em segundo plano pelas organizações.
Benefícios reconhecidos pela indústria
Os principais benefícios obtidos com o uso de tecnologias digitais estão relacionados àquelas que focam nos processos de produção industrial. Veja:
- Aumento da produtividade: sete em cada 10 organizações citaram o aumento da produtividade como um dos principais benefícios da implementação das tecnologias digitais da indústria 4.0.
- Melhora da qualidade dos produtos e serviços: seis em cada 10 organizações destacaram a melhora da qualidade dos produtos e serviços como mais um dos benefícios obtidos com o uso de tecnologias digitais.
- Redução de custos operacionais: já 60% das organizações mencionaram este benefício ao usar as tecnologias da indústria 4.0.
As empresas também destacaram outras vantagens, como processo de tomada de decisão aprimorado, tempo de lançamento de produtos e serviços mais curto e aumento da eficiência energética.
Principais obstáculos para a implementação de tecnologias
Vários fatores explicam por que o Brasil ainda está no estágio inicial da transformação digital. De acordo com a CNI, as principais barreiras para a implementação de tecnologias digitais em uma indústria são:
1. Alto custo de implantação de tecnologias
Os altos custos de implementação são consideradas a maior barreira para a implementação de tecnologia em uma indústria, independentemente do seu tamanho. Dito isso, mesmo as grandes indústrias veem isso como um obstáculo. Esse fator foi destacado por 66% das organizações pesquisadas pela CNI em 2016 e 2021.
2. Estrutura e cultura da empresa
Outro obstáculo levantado foi a estrutura e a cultura da empresa. Das organizações que participaram do estudo, 24% mencionaram que não possuíam uma boa estrutura e cultura corporativa para implementar as tecnologias digitais.
3. Falta de clareza na definição do retorno sobre o investimento
Um retorno de investimento mal definido ou não claro é outro motivo destacado pelos gestores do setor industrial para não ter implementado tecnologias digitais no negócio. Um total de 26% disseram que esse era um dos principais obstáculos.
4. Falta de conhecimento técnico sobre as tecnologias digitais
Já 25% dos gestores do setor industrial afirmaram a falta de conhecimento técnico sobre as tecnologias digitais como outra barreira que os impede de investir em soluções digitais.
Embora o conceito de indústria 4.0 ainda esteja em fase de consolidação, é urgente a necessidade de esforços para garantir e ampliar a maturidade tecnológica da indústria brasileira. Como vimos, uma indústria pode colher vários benefícios com a implementação de tecnologias digitais, como reduzir custos, aumentar a eficiência e melhorar e acelerar o processo de tomada de decisão.
Leia a pesquisa completa ou baixe o documento da CNI clicando aqui.
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Sobre a ABII
A ABII – Associação Brasileira de Internet Industrial, fundada em agosto de 2016, atua com o objetivo de promover o crescimento e o fortalecimento da internet industrial das coisas e da indústria 4.0 (IIoT & I4.0) no Brasil. Coordena um ecossistema com provedores, usuários e especialistas em tecnologia e instituições de ensino. Num ambiente colaborativo reúne empresas protagonistas do mercado e é referência no movimento de transformação digital. Fomenta o debate entre setores privado, público e acadêmico, a geração de conhecimento e o intercâmbio tecnológico e de negócios.