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Como a falta de profissionais impacta a indústria 4.0

Tempo de Leitura: 4 minutos

A falta de profissionais qualificados no Brasil para trabalhar na indústria 4.0 é uma das maiores dificuldades da implementação da transformação digital no mercado atual. Embora seja um dos países que mais pretendem aplicar tecnologias 4.0 nos próximos cinco anos, também é o que mais sofre com a escassez de profissionais especializados.

É o que aponta a pesquisa Tendências Globais de RH no setor de Manufatura – 2023, da Gi Group Holding, segundo a qual 88% das empresas brasileiras do setor entrevistadas afirmam ter dificuldades de encontrar profissionais qualificados, índice superior à média global, que ficou em 66%.

Os dados apontam uma redução constante da taxa de emprego global na produção. O desafio aplica-se tanto à procura de pessoas com competências operacionais quanto ao recrutamento de uma mão de obra mais qualificada. Veja, neste post, os resultados da pesquisa sobre a importância da tecnologia para a transformação digital e a evolução global e local.

O potencial da automação

Durante a crise sanitária, o setor da produção enfrentou tanto a escassez de mão de obra quanto a falta de matérias-primas. Porém, em 2021, o mercado global da indústria chegou a US$ 16,4 trilhões. Para os entrevistados, apesar da introdução da automação na indústria 4.0, as pessoas continuarão a ser fundamentais. E será essencial compreender quais posições serão mais procuradas.

Além disso, a necessidade de perfis profissionais específicos continuará a mudar nos próximos anos e a formação, recrutamento e retenção serão aspectos-chave. A falta de pessoas com competências operacionais é a segunda dificuldade mais apontada por 50% das empresas no Brasil, para a implementação de tecnologias da Indústria 4.0. Além disso, o alto custo dos equipamentos também influenciaria, como citam 65% dos entrevistados.

Entre as empresas globais, 43% citaram a falta de profissionais adequados às exigências da área como um obstáculo à adoção de tecnologias da Indústria 4.0. A questão dos custos também foi apontada por 56%. Entre as tendências para o desenvolvimento da transformação digital estão a automação e a sustentabilidade.

Segundo o relatório, 84% das empresas nos seis países pesquisados já introduziram ferramentas de transformação digital, como software de gestão da produção ou ferramentas robóticas para melhorar as atividades. No Brasil esse percentual é de 85%.

Força de trabalho seguirá fundamental

Há uma concepção errada entre as pessoas, de que as novas tecnologias eliminarão um grande número de empregos humanos no futuro. Mas na verdade o risco da automação muda em função do tipo de trabalho e das competências necessárias.

Segundo 44% dos entrevistados das empresas brasileiras, a força de trabalho continuará sendo fundamental no futuro. E mais: 33% avaliam que a automação criará novos empregos e, para 31%, as pessoas serão realocadas em novos empregos.

A automação é vista como uma oportunidade para que as empresas aumentem a produção e permaneçam competitivas. Também, para que os funcionários invistam em suas competências, cresçam profissionalmente e aumentem seus salários.

Simultaneamente, com a automação, os profissionais se livram das tarefas repetitivas e que exijam força física, pois elas passam a ser executadas por robôs sob a sua direção e controle. Ainda assim, pode significar um risco aos trabalhadores que não tenham competências suficientes.

É o caso de 38% das empresas brasileiras ouvidas, que reconhecem que muitos trabalhadores não têm competências adequadas para novos empregos. Isso mostra o quanto a formação será cada vez mais necessária nos próximos anos.

Habilidades técnicas e perfis necessários

Em relação às habilidades técnicas, 68% dos entrevistados afirmam que os operários deverão ter experiência com ferramentas e máquinas especializadas, bem como treinamento especializado (78%).

Já os profissionais especializados deverão desenvolver habilidades digitais e de gerenciamento de projetos (73%), além de conhecimento de línguas estrangeiras (73%).

Novas competências como habilidades interpessoais serão importantes. Ou seja, os operários deverão trabalhar com as seguintes capacidades:

  • Adaptabilidade e flexibilidade;
  • Precisão e atenção ao detalhe;
  • Autonomia;
  • Identificação e eleição de prioridades;
  • Resolução de problemas.

Sobre os perfis exigidos, o relatório revela que 70% dos entrevistados no Brasil crêem que a demanda por perfis profissionais específicos mudará à medida que a manufatura evoluir.

Em relação aos operários, as empresas procurarão principalmente: operador de produção, técnico de processo, operador de máquinas e dispositivos, controlador de qualidade e técnico de laboratório.

Já entre as funções especializadas as mais solicitadas serão: gestor de projeto, planejador de suprimentos, gerente de Garantia de Qualidade, planejador de produção e gerente de Logística.

Além disso, a pesquisa constatou que o treinamento e a aprendizagem contínua serão fundamentais para assegurar a empregabilidade das pessoas ao longo da vida.

Ambos permitem combinar experiência de trabalho com novas competências e é possível promover formação orientada de acordo com as necessidades reais da empresa.

Em nível global, 87% das empresas já planejaram treinamento interno ou externo sobre o uso e gestão de ferramentas digitais, enquanto no Brasil este índice chega a 95%.

Presença feminina no setor de produção

A evolução da indústria 4.0, aliada à qualificação profissional, pode ser uma grande oportunidade para a ampliação da presença feminina nas empresas brasileiras, nos próximos cinco anos, o que foi apontado por 58% dos entrevistados.

Entre os entrevistados, o Brasil ganha em relação às empresas que acreditam no avanço de mulheres na indústria, seguido por 55%, na Polônia, e 32%, na Alemanha. Em nível global, 34% responderam que isso deverá acontecer nos próximos cinco anos, enquanto 49% avaliam que é provável.

Em âmbito global, as empresas que vêem essa possibilidade justificam que serão motivadas por uma mentalidade mais aberta (39%) e pelo fato de mais mulheres estarem desenvolvendo habilidade em STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

Outras razões indicadas são:

  • O emprego das mulheres pode agregar valor para a fabricação (29%);
  • As novas tecnologias vão mudar a maneira de trabalhar (26%);
  • Mais mulheres interessadas neste campo (25%);
  • A implementação de tecnologias 4.0 irá impulsionar o emprego de mulheres (21%).

O relatório é fruto de uma pesquisa realizada pelo Instituto Piepoli de Pesquisa de Marketing independente, em seis países:  Brasil, China, Alemanha, Itália, Polônia e Reino Unido. Os dados foram apoiados por uma análise documental realizada pela empresa de gestão de dados INTWIG.

Sobre a ABII

ABII – Associação Brasileira de Internet Industrial, fundada em agosto de 2016, atua com o objetivo de promover o crescimento e o fortalecimento da internet industrial das coisas e da indústria 4.0 (IIoT & I4.0) no Brasil. Coordena um ecossistema com provedores, usuários e especialistas em tecnologia e instituições de ensino. Num ambiente colaborativo reúne empresas protagonistas do mercado e é referência no movimento de transformação digital. Fomenta o debate entre setores privado, público e acadêmico, a geração de conhecimento e o intercâmbio tecnológico e de negócios.

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